10/06/2016

Capítulo 01.


Selena Gomez POV.
11h00min PM.
Minha visão está embaçada, mas consigo enxergá-lo bem, embora algumas pessoas passem quase como borrões e fumaças escuras. 
Em sua mão esquerda há um copo com uma bebida avermelhada. Seus lábios estão juntos, ele parece tão mais calmo que o normal. Hora ou outra me olha, muitas das vezes sorri para seus amigos. Eu noto a seriedade exposta em cada passada de língua sobre os lábios ainda retos.
— O que você acha? — eu a pergunto bem baixinho, porém com minha boca há poucos centímetros do lóbulo de sua orelha aparentemente quente. A loura, por sua vez, sorri maldosa e seus olhos azuis brilham.
— Eu acho que ele está a fim. — ela responde e isso me faz voltar a encarar o louro jogado em um dos sofás distante do lugar no qual estamos. — Aliás, ele não está mais namorando. Eu soube que eles terminaram há algumas semanas. 
— Você acha que ele ainda gosta dela? — a preocupação está evidente em minha pergunta, isso foi idiotice.
— Pode ser que sim, mas isso importa de verdade? Quero dizer, neste exato momento, ele está solteiro. Não tem Hailey alguma que possa impedi-lo de beijar você esta noite.
Taylor estava certa.
Porém, aquele lance de algumas semanas solteiro me fazia fraquejar um pouco, pois repetidas vezes, o garoto mais popular do colégio terminava com a modelete, a qual dizia amar, ficava com outras garotas e, na semana seguinte, aparecia com a loura normalmente. Só que, pensamentos aleatórios não conseguiam poupar meu desejo por ele. Eu estava submetida às fantasias do tipo. Justin sempre foi o garoto que eu mais desejei, isso não é e nunca foi apenas sobre por quem eu me sinto atraída, isso é sobre o quanto eu espero que ele olhe para mim.
Demasiadas vezes, me peguei olhando para ele, observando todo o seu corpo correr sobre a quadra, seu sorriso se alargar e seus ouvidos serem apossados pelas vozes femininas. Sua idolatria em um mesmo lugar era anormal. Isso é desde sempre, desde o momento em que ele simplesmente acertou uma bola de basquete em mim. E ainda sabendo que nada tenha sido proposital, não pude deixar de pensar no quanto eu queria que ele me notasse de alguma maneira.
— Eu não sei o que fazer. — resmungo. 
Taylor se levanta, porém inclina seu corpo, colocando sua boca um pouco perto do meu rosto.
— Eu vou dar uma volta, então, se ele estiver a fim, ele vai vir aqui. — a loura sorri meiga e simplesmente se distancia, sumindo com várias outras pessoas.
Meu corpo todinho treme, eu me encolho no sofá e encaro minhas mãos por alguns segundos. Mas ao sentir o estofado ao meu lado se afundar e observar a calça preta trajada, subo minha atenção, passando meus olhos por todo o seu corpo ao meu lado. Dessa vez, não está mais segurando o copo cristalino. Ele não me olha, também, só que isso não me incomoda. Nunca estivemos tão perto e isso faz o nervosismo alcançar a espinha das minhas costas.
— Se importa? — ele pergunta, mesmo sem estar me olhando, mas não o respondo e devido ao meu ato acanhado, seu rosto gira e seus olhos finalmente me encaram. Uma expressão indiferente está esboçada em seu rosto. Tudo o que eu consigo fazer é encolher meus ombros ainda mais e negar com a cabeça, apertando os olhos e me sentindo uma idiota. Justin solta uma risada e balança a cabeça logo em seguida. — Você é do colégio?
— Uhum! — isso é tudo o que eu consigo dizer, na verdade, eu gruí. Ele não seria capaz de se lembrar de mim, não estava esperando por isso, também.
— Eu sou o Justin.
— Eu sei. — rio de lado e ele volta a me olhar, porém, dessa vez, seus olhos passeiam por todo o meu corpo. — Eu me chamo Selena.
— Belo nome! — eu novamente não sei o que dizer, hora ou outra consigo encará-lo. — Você não precisa ficar com vergonha.
— Não estou.
— Ah, não? Então, por que eu posso ver o rubor em suas bochechas? — ele agora debocha, mas isso não me incomoda, não a forma como ele diz a mim. — Quer ir para um lugar mais reservado?
— Pode ser. — ao responder, vejo seu corpo levantar e ir à imensa escada perto da porta central. Sem muitos rodeios, eu o sigo, observando e sentindo várias pessoas passarem ao meu lado.
No mediano corredor, há exatamente oito portas. Justin abre a última e me espera ao lado de fora do quarto. Está sério e parece bem paciente em relação a mim. Eu me questiono por que estou me deixando ser guiada por ele... Justin nem ao menos sabe quem eu sou, isso parece errado, mas eu esperei por isso há tanto tempo que acabo me vendo dentro de um quarto com ele. A porta simplesmente está fechada, agora.
E olhando ao meu redor, sinto suas mãos passarem meus cabelos para um lado só do meu corpo. Sua respiração está pesada e tocando em minha nuca, desta vez, nua. Com meus olhos fechados e a tensão presa em mim, sussurro:
— Você tem namorada.
— Não se preocupe com isso, essa noite eu não namoro ninguém. — seus lábios pregam em minha pele agitada, mas é questão de segundos até sentir sua mão direita abaixar a alça da minha blusa, levando a do sutiã junto. — Você é tão linda, acho que nunca a vi antes.
— Garotos como você não costumam notar garotas como eu. — quando respondo, ele solta uma risada e vira meu corpo com pressa.
— Acho que está enganada em relação a isso. — sua voz soa como um sussurro ao lado do meu ouvido.
Agora ele anda e leva meu corpo junto. Minhas costas tocam o colchão da cama, eu o olho de baixo e observo suas mãos arrancarem a camiseta verde escura que eu tanto gosto. Automaticamente, massageio meus lábios e pigarreio quando sinto seu peso, razoável, subir sobre mim. Dessa vez Justin beija minha boca entreaberta, pronta para aquilo. Suas mãos fazem uma passagem escorregadia e rápida por minha barriga ainda tampada. Sua boca, rapidamente, pula em meu pescoço, enquanto eu continuo com meus olhos fechados, soltando alguns grunhidos baixinhos. Posso ouvir a música abafada vir do andar abaixo.
Suas mãos puxam minha blusa branca e a tira do meu corpo, deixando evidentes meus seios cobertos pelo sutiã. Novamente sinto sua boca em contato com a minha pele, porém agora a língua áspera de Justin toca meu busto quente. Meu corpo está desesperado e eu sinto que deveria dizer algo.
— Justin... — sussurro, mas ele não me ouve, apenas desabotoa meu jeans e o puxa com pressa. — Justin. — tento outra vez.
— Mmm. — sua voz murmura. Vejo-o arrancar sua calça e jogá-la para o alto, acompanhando minhas peças agora sem utilidades. Seus dentes se agarram em meu pescoço, ele enfia sua mão por dentro do meu sutiã e toca meu mamilo já rígido, soltando uma risada gostosa e baixinha.
— É melhor pararmos. — digo. 
Ele me olha e lambe seus lábios com rapidez.
— O que foi? — questiona. Eu reparo bem sua seriedade fluir outra vez.
— É que... Eu nunca...
— Você é virgem? — sua pergunta soa cômica, não sei, apenas me sinto desconfortável. 
Isso deveria ter sido apenas alguns beijos e não tudo que está acontecendo. Eu não deveria estar em uma cama com ele. Estar seminua deixando suas mãos e sua boca passearem pelo meu corpo de tal forma.
— Sou. — respondo medonha. 
Odeio o tom que minha voz ecoa, eu apenas me senti uma garotinha intimidada.
— Tudo bem, eu vou devagar. — ele avisa, e quando tenta beijar meu pescoço outra vez, apoio minha mão direita entre a separação do seu peitoral.
— Eu deveria ir embora. Eu não deveria fazer isso.
— Por favor, Selena, já estamos aqui.  — aquela voz é a mais meiga possível. Eu acabo sentindo seu sexo tocar minha coxa nua. Ele parece realmente querer isso, ele parece realmente querer a mim. — Eu vou pegar leve. — suas mãos deslizam em minha coxa esquerda. Eu fecho meus olhos, mas sei que Justin está sorrindo. — Estou tão estressado, eu queria realmente que você me acalmasse hoje.
Sua mão segue de encontro ao meu queixo, eu encaro profundamente seus olhos claros e simplesmente sorrio de lado.
Eu deveria ter ido para casa.
 
Ju
stin Bieber POV.
Três semanas depois, 12h03min AM.
O barulho do celular incomoda meus ouvidos agora sensíveis. Jogo o aparelho, após retirá-lo da cama, sobre o chão liso, ouvindo o impacto forte que gera ao se colidir no solo. A voz rouca de Hailey apossa meu quarto, eu abro os olhos rapidamente e sorrio ao vê-la parada perto da porta fechada.
— Eu estava esperando por você. — digo sonolento. Ela rola seus olhos e arrebita seu finíssimo nariz. — Eu senti sua falta.  — sou sincero.
— É, você diz isso sempre. — sua voz me incomoda, mas não rendo, apenas me levanto da cama e ajeito o samba-canção. — Agora é a hora em que voltamos outra vez? — ela pergunta e eu balanço a cabeça. — Odeio quando brigamos, amor. Por favor, isso é tão insuportável.
— Eu odeio quando você demora a voltar para mim. — ela sorri de lado, mas não move mais nenhum outro músculo. Eu bocejo e ouço a campaninha ser protestada. — Minha mãe está em casa? — a loura nega com a cabeça enquanto observa meu corpo caminhar até a porta do banheiro ainda dentro do quarto.
— Quando eu cheguei, ela disse que iria fazer algumas compras. Não deve demorar muito. — responde ela. — Vamos fazer algo juntos hoje? Quero matar a saudade. — assinto com a cabeça e novamente ouvimos o barulho alto da campanhinha. — Eu atendo. Não demore muito aqui em cima. — murmuro um “ok” e a vejo sair do quarto.  
Eu não demoro, tomo um banho rápido e apenas balanço meus cabelos. Posteriormente, desço as escadas correndo enquanto esboço um sorriso, mas quando piso no último degrau da escada, minha expressão facial se converte e eu vejo aquela mesma garota de três semanas atrás. Eu não a vi depois daquela noite. Agora, neste exato momento, é a primeira.
Selena.
Encaro Hailey, ela está ao lado da morena, que mesmo depois de saber que estou por perto, não move seus olhos, continua encarando o chão claro.
— Ela disse que precisava falar com você. — a voz de Hailey, agora, parece um pouco apagada, diferente de todas as vezes.
— Podemos conversar? — Selena se pronuncia, então, finalmente, me olha. — A sós.
Encaro minha namorada e respiro fundo. Eu só não quero que Selena seja o novo motivo para que eu e Hailey briguemos, não quando acabamos de voltar. Mas não vendo opção, eu expiro e balanço a cabeça, girando meu corpo e sentindo a garota me acompanhar. Nós subimos as escadas calmamente. Hailey se mantém no andar debaixo, talvez ela não queira saber sobre o assunto.
Quando entro em meu quarto, ouço o barulho da porta e observo novamente Selena. Dessa vez, rapidamente, ela me olha e eu noto seus olhos avermelhados.
— Eu tentei te ligar, mas você não atendia minhas ligações. — me pergunto como ela soube meu número, mas isso acabou sendo insignificante. Me lembro de ter rejeitado algumas ligação na tarde de ontem. 
Então, era ela.
— Por que está aqui? — mesmo não querendo, acabo sendo arrogante.
— Porque eu estou grávida. — responde. Com um nó na garganta, tento tirar minha dúvida:
— Grávida? — eu pergunto mesmo tendo entendido sua resposta. Selena me olha e eu vejo seus olhos tremerem. Ela começa a chorar bem na minha frente. Isso demonstra e só prova o quanto parece sério.
— Eu sei que você provavelmente voltou com a Hailey, mas, por favor, não me abandona. Eu sei que você nem me conhece, mas eu não sei o que fazer. Eu estou com medo, eu não contei aos meus pais ainda, porque eu sei que eles não vão entender. Você não precisa ficar comigo, só me ajuda, por favor... Eu não sei o que fazer. — ela diz tudo de uma só vez e quando termina, se entrega ao choro, tampando seu rosto com as duas mãos.
E é quando tudo começa... Quando eu me envolvo com uma garota estranha. E tudo o que eu sei é o seu nome. Nada mais que isso, apenas o seu nome.  
Eu abaixei minha guarda, caí em seus braços. Esqueci quem eu era, não ouvi os alarmes. Living for Love

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