10/06/2016

Capítulo 09.



Justin Bieber POV.
Eu sinto algo dentro de mim que me afeta lentamente. E assim que eu agarro seus cabelos, deixando os fios ralos fincarem entre meus dedos grossos, puxo seu corpo e o jogo por trás do meu. Ela cai ao chão e o barulho se torna tenebroso, só que meus olhos, agora, estão fixados nela, na pessoa mais ingênua e inocente com a qual eu já estive. É nesse momento em que eu sinto a raiva alcançar a espinha das minhas costas, fazendo meu corpo inteiro se virar depois de simplesmente sussurrar em uma voz quase inaudível:“me desculpe por isso”. Ela não responde, talvez eu não tenha dado chance, pois em questão de segundos, digo firme e alto, apertando meus punhos e sentindo a oleosidade escapar das minhas mãos:
— Eu tenho nojo de você.
Seus olhos claros me fitam, ela sente medo da forma como eu a observo. Nunca estive tão nervoso, não tanto quanto me encontro nesse exato momento. Eu poderia esmurrá-la até sentir seu rosto se espatifar pelos meus punhos cerrados.
Sem resposta, ela não tem alguma. Mas tenta, tenta se explicar e tudo o que sai da sua boca é um simples grunhido, logo aperta sua cabeça e massageia o local ao qual eu puxei. Provavelmente a dor no coro capilar chegou e ardeu todo o seu corpo, precisamente, sua cabeça.
A platéia ridícula se encontra em silêncio, caso contrário, alguém sairia machucado, excluindo, de fato, Selena, que ainda está jogada sobre o chão, segurando a toalha firmemente em seu corpo. Isso faz com que eu encare as pessoas ao meu redor e pare minha atenção nas mãos de Kylie Jenner, que, no mesmo segundo, me olha espantada e se encolhe quando, rapidamente, caminho em sua direção.
— Você acha isso engraçado, não é mesmo? — pergunto rindo, só que não há felicidade do meu tom de voz, muito menos na forma como minha risada sai. — Será que acharia a mesma graça se fosse com você? — assim que reformulo minha pergunta, brutalmente, puxo o aparelho branco de suas mãos. Sem esperar cerimônias, eu o jogo longe, assistindo os pedaços tocarem o chão. Todas gritaram quando eu o fiz. Agora sim elas terão o merecido show que queriam. — E você? Perdeu a habilidade de falar? — eu me refiro à Hailey. — Há dois segundos sua língua não parava quieta. Há algum problema agora?  
— Justin... — ela murmura e se levanta do chão.
— JUSTIN? — questiono em um berro. — VOCÊ NUNCA MAIS A TRATE DA FORMA COMO VOCÊ TRATOU. VOCÊ NUNCA MAIS DIGA A ELA AS COISAS QUE VOCÊ DISSE. — eu ando até ela e sinto seu corpo se encolher da forma como o de Kylie fizera. Antes de eu continuar, Kendall se pronuncia.
— Não encoste nela, Justin. — eu olho para a morena assim que paro meus passos.
— Cale a boca, sua vadia! — xingo, a garota abre sua boca num círculo imenso. — Se eu quisesse que você dissesse algo, teria me referido a você antes.  
Vejo Selena se arrastar até encostar suas costas em um dos armários. Ela parece sentir dor, mas não posso perder essa oportunidade.
— Qual é o seu problema? — agora meu tom é baixo, eu já voltei a olhar para Hailey. — Você se sente bem dizendo as coisas que disse a ela? Como se ela fosse a culpada dessa história? Eu sou o culpado disso tudo. — bato meus punhos no busto, realmente irritado. — FUI EU QUEM FICOU COM ELA MESMO ESTANDO COM VOCE. — grito outra vez. — Eu sou um idiota mesmo. — rio debochado, ainda notando que todas as garotas me olham. — Eu fui um otário por você, por alguém tão mesquinha e ignorante. Por uma garota tão ridícula ao ponto de usar as palavras como uma forma de arma, apenas para fazer as pessoas se sentirem menos do que elas são.  
— VOCÊ ESTRAGOU TUDO O QUE NÓS TÍNHAMOS. — a loira grita apertando seus olhos. Estamos tão perto, eu quero acabar com a raça dela, mas me seguro.
— Ainda bem que eu fiz isso. Você é tão ridícula, garota. — cerro meus olhos e vejo as lágrimas de Hailey começarem a se evidenciar. — Você sabia que eu gostava mesmo de você? Agora tudo o que eu sinto por você é repulsa, Hailey. Você conseguiu me fazer sentir uma coisa que eu pensei que nunca sentiria por você. Nojo! Nojo é tudo o que eu tenho de você nesse momento.
Ela agora chora, é um choro alto, até soluça.
— Lágrimas não me comovem, elas só me fazem sentir mais raiva ainda. — pauso e encaro as garotas ao meu redor. Algumas estão vestidas normalmente, outras estão com toalhas brancas ao redor do corpo. — Sabe tudo isso? Essa platéia que você tem? Isso não passa de um número assim como você. Você é só mais uma garota desse colégio para poder ficar se sentindo tão maravilhosa. Você só impressiona a sua própria platéia. Você é apenas mais um número no meio de tantos, então abaixe a sua bola.
— Por favor, não fale dessa forma comigo. — suplica.
— O que te faz tão especial ao ponto de merecer palavras gentis vindas de mim? Você ainda acha que depois desse teatrinho nojento que você fez, teremos chances de voltar? — questiono rindo. O sarcasmo dominou minhas cordas vocais. — Eu nunca voltarei para você e não existe nunca diga nunca que mude isso. — digo certo. — Você acha que tem amigas? Acha mesmo que essas garotas se importam com você? Elas são um bando de seguidoras mal amadas, com poeira na cabeça ao invés de um cérebro.
Eu dou alguns passos para trás e sigo em direção às camisinhas tacadas ao chão. Recolho uma boa quantidade em minhas mãos; quando caminho, voltando a me aproximar da loira, sorrio amarelado e jogo os pacotes sobre seu rosto, fazendo-a fechar os olhos e chorar ainda mais.
— Você não se sente ridícula ficando dessa forma? — eu digo a mesma frase que ela disse à Selena.
— Você é um idiota mesmo. — sinto suas mãos baterem em meu corpo, porém seguro seus pulsos e a empurro com forma. Suas costas batem na cerâmica da parede. Eu agora sinto meu corpo latejar, a vontade de socar seu rosto me consome, porém ouço um grito alto:
— JUSTIN, CARA, LARGA ELA! — eu não preciso olhar para trás para saber que é a voz do Ryan.
— Mano, relaxa. — dessa vez quem diz é Alfredo, o mesmo puxa meu corpo com rapidez.
Por força do hábito, eu largo os pulsos de Hailey e a mesma massageia a área afetada, chorando mais do que fez um pouco antes.
— Sabe de uma coisa? Eu não tenho nojo da vadia que ela é. — eu digo alto, ainda sentindo meu corpo ser arrastado para trás. Eu tento lutar, mas Chris segura meu braço esquerdo, enquanto Ryan faz o mesmo com o direito. Alfredo está encarregado de puxar meu tronco rígido. — Eu prefiro mil vezes ela do que você. — sorrio orgulhoso, quando me dou conta, há bem mais pessoas do que antes. A porta do vestiário se encontra deveras cheia, todos os alunos da minha classe parecem estarem aqui assistindo meu espetáculo. Eu não me importo. — Se você mexer com a Selena outra vez ou fazer algo contra ela, eu juro, eu acabo com você. Isso serve para as suas cadelinhas também. — eu olho para as Jenner’s, que agora também estão afetadas por todas as coisas que eu digo. — Bando de vadias! — olho para meus amigos e simplesmente grito: — ME LARGEM, PORRA! — os garotos obedecem. Eu balanço meus cabelos e ouço a diretora adentrar o vestiário.
— O que está acontecendo aqui? — ela pergunta.
 Um incrível show de putas. — respondo irritado. A mulher me encara espantada e eu simplesmente caminho até Selena. Ela mantém seu rosto pálido e um semblante fraco. Recolho seu corpo do chão, ela apoia sua cabeça em meu peito esquerdo e fecha seus olhos. Posso sentir o sangue lubrificar meus braços. Há uma poça imensa no chão, o sangue se mistura com a água da ducha. Sei que sua toalha está encharcada. Isso me preocupa.
— Venham para a minha sala, todos vocês. — Elizabeth manda, porém eu rio quando a olho.
— Saia da minha frente. — mando. — Eu vou levá-la ao hospital. As coisas não ficarão assim. — a mulher encara todo o lugar, passa seus olhos sobre o celular quebrado, nas camisinhas, sobre as garotas e, logo depois, volta a me olhar.
— Você não pode levá-la daqui, Sr. Bieber.
— Eu sou maior de idade e ela é minha mulher. Quero ver algum filho da puta me impedir. — dobro meus lábios e ela pisca calmamente, parece sentir medo da minha voz. — Agora saia da minha frente antes que eu perca o resto da paciência que eu ainda tenho.
As pessoas abrem passagem quando começo a caminhar. Não me preocupa o fato de ainda ter Selena apenas de tolha em meus braços.
— Está tudo bem, meu amor. — eu digo baixinho, sei que ela está acordada. A curva de seus lábios se alarga. Seu sorriso apossa minhas íris.
Ryan, Chris e Alfredo me seguem. Eu vejo as pessoas nos olharem, nenhuma diz nada, mas sei que meus amigos carregam minhas coisas por mim, tais como: mochila, livros e o uniforme do time do colégio. Ryan abre a porta do carro para mim, deixando com que eu coloque Selena no banco do passageiro. Logo depois, enfiam minhas coisas para dentro do veículo.
— Nos vemos depois. — respondo mal humorado. Os três assentem com a cabeça e me assistem entrar no carro. Olho para trás e vejo a garota encolhida no banco, ainda segura a tolha. Está sujando o estofado, nada que eu ligue.  
Dirijo rapidamente, logo deixando apenas uma mão no volante, levando a outra para dentro do bolso do meu jeans, deslizando meu celular contra ele. Disco seu número com rapidez e, com um pouco de dificuldade, apoio o aparelho na orelha, ouvindo a ligação ser chamada. Em menos de um minuto, ela me atende e eu logo digo:
— Mãe?
— Oi, Justin... Tudo bem, meu amor? Aconteceu algo? — sua voz é singela como de costume.
— Aconteceu, sim. Eu estou indo ao Ronald Reagan, será que a senhora poderia me encontrar lá?
— O que aconteceu, Justin? Você está me assustando. — agora ela parece aflita, deveras preocupada.
— A Selena está sangrando e eu não sei o que fazer.
— Tudo bem, eu já estou saindo daqui.
— Obrigado. — assim que respondo, ela solta uma risada fraca e eu corto a ligação, jogando o celular no piso do carro.
Assim que chego ao hospital, retiro Selena do carro e corro para dentro do enorme prédio, seguindo até a recepção e explicando poucos detalhes. Não demorou muito para que ela seja posta em uma maca e levada para longe. Tudo o que me resta é esperar, no entanto, me sento em uma das cadeiras ao lado de várias outras pessoas e espero o tempo passar. Quase cerca de dez minutos depois, Pattie chega correndo.  Agora eu tenho a certeza do quanto está preocupada.
— Querido, o que aconteceu? — pergunta assim que me levanto e sou puxado para um abraço. — Ela caiu?
— Eu não sei, eu... Eu não posso explicá-la agora. Eu estou tão nervoso. — confesso, afundando meu rosto em seu ombro. Pattie é tão baixa que preciso inclinar o meu corpo.
— Fique calmo. — pede e ri. Afasto meu corpo do dela e a mulher alisa meu rosto. Será que ela não compreende que não consigo me acalmar?
— Você acha que o bebê está bem?
— Eu não sei, Justin. — não mente e nem tenta me iludir falando que vai ficar tudo bem.  — O seu pai virá assim que puder.
— Por que a senhora contou a ele? — pergunto nervoso. Estamos agora sentados.
— Justin, ele só quer ajudar. — ela tenta se defender, porém eu apenas resmungo irritado.
— Se for para jogar a ajuda na minha cara depois, eu recuso a oferta.
— Pare de ser tão orgulhoso. — exige. — Se ela precisar ficar internada por um tempo, o que você fará? — eu não a respondo, pois não encontro uma defesa. Se Selena precisar ficar internada, eu não saberei como pagar as despesas e novamente eu precisarei do meu pai. — Jeremy não tem a intenção de te diminuir com qualquer coisa que você faça. Ele só quer que você cresça e aprenda com os seus erros. Quer que se torne um homem bom. E mesmo que você não acredite, ele ama você. Nós te amamos e Selena faz parte da família agora. Então pare com essa besteira de achar que pode fazer tudo sozinho. Os pais daquela garota não estão nem aí. Eles devem estar achando bom o fato de Selena ter engravidado e saído das asas deles, porque nem telefonar perguntando se ela está bem, eles fazem.
Ficamos em silêncio por algum tempo, eu tive a oportunidade de rever tudo o que aconteceu. Me sinto um estúpido por ter pensando, em algum momento, que Selena houvesse inventado a história de que Hailey havia mexido com ela. Idiota, é isso o que eu sou. Ela seria incapaz de mentir sobre isso.
Quando vejo o doutor se aproximar segurando alguns papéis em suas mãos grossas, levanto-me da cadeira e vejo mamãe fazer o mesmo. O homem lança-nos um sorriso fraco e encara as papeladas, logo depois, proferindo o nome de Selena.
— Ela está bem? — eu pergunto realmente angustiado.
— Sim, ela está ótima. — o homem responde e me olha por cima dos seus óculos.
— E o bebê? — reformulo a questão.
— Também está bem. — eu bufo aliviado, fechando meus olhos e agradecendo por isso. — Selena está bem, mas eu sugiro que tomem mais cuidado de agora em diante. Ela é nova e está tendo uma gravidez de risco, seu corpo não é completamente preparado para gerar uma criança. Então, todo cuidado é pouco.
— Qual foi o motivo do sangramento? — minha mãe tira a pergunta da minha boca.
— Bom, foi mais pelo nervosismo e o estresse. — assinto com a cabeça, massageando meus lábios com a língua. — É essencial que ela não carregue peso, e aconselhável que coma coisas saudáveis e faça algum tipo de exercício. Caminhar é uma ótima escolha. De maneira alguma ela deve ficar subindo e descendo escadas.
— Tudo bem. — respondo. — Quando Selena terá alta?
— Assim que os exames saírem, ela será liberada. Vocês já podem vê-la.
— Obrigada. — minha mãe diz.
— Com licença. — o médico novamente sorri e logo dá as costas.
Eu digo à Pattie que quero conversar com Selena, ela, no entanto, balança a cabeça e volta a se sentar, enquanto observa meu corpo ser dirigido ao quarto onde Selena se encontra.
Quando fico com meu corpo diante à porta, bato na madeira branca três vezes seguidas e ouço sua voz fina e delicada responder:
“Entre”.
Assim faço, coloco todo o meu corpo para dentro do quarto e fecho a porta por trás das minhas costas. Ela sorri quando nossos olhares se colidem, eu retribuo calmamente, despachando a aflição, deixando-a distante de nossa futura conversa.
— Está se sentindo melhor?
— Uhum. — ela responde meiga, sentando-se corretamente sobre a cama. — Está tudo bem com o nosso bebê?
— Graças a Deus, sim. — me sento no final da cama e aliso seus pés cobertos pelo lençol branco.
— Obrigada por ter me defendido. — ela parece sincera, então, eu procuro as palavras certas para respondê-la.
— Não foi nada, Selena, só que você precisa aprender a se defender sozinha. Eu não estarei por perto sempre. — ela balança a cabeça, presta bastante atenção no que eu digo. — Se não fosse por aquela garota, sabe lá o que teria acontecido com você.
— Que garota? — pergunta.
— Eu nem sei quem é ela. Tudo o que eu sei é que uma loira alta de olhos claros foi até a minha sala buscar ajuda.
— Taylor. — Selena sussurra. — Eu tentei me defender, mas... Eu não sei como, Justin.
— Claro que sabe. — eu quase grito. — Se aquelas garotas tentarem te humilhar novamente, desça a mão nelas. — a morena gargalha e eu acabo fazendo o mesmo. — A Hailey se acha o centro do universo, mas ela não é duas. Não deixe ninguém te humilhar daquela forma nunca mais. Está me ouvindo?
— Estou.
— Isso aí. — respiro fundo e sorrio de lado. — Não quero que pense que qualquer idiotice que elas disseram seja verdade. Aquele tipo de garota só impressiona seus próprios seguidores. Todas elas juntas não dariam uma de você. — não minto, nem ao menos penso em fazer um ato tão egoísta. — Você não precisa e nem dever se sentir mal por causa das bobeiras que elas disseram.
— Não irei, juro. — garante. Por fim, eu me levanto e encaro seu rosto agora aliviado. Parece bem mais saudável do que a última vez que a vi. — Aquilo que você disse é verdade? — não respondo, sei que ela irá reformular sua pergunta. — É sério que você prefere eu do que ela? — eu penso um pouco, mas logo balanço minha cabeça positivamente. Não estou olhando-a, mas sei que ela me encara.
— Sim! — respondi firmemente. — Eu detesto pessoas que se sentem melhores do que as outras. — confesso. — E eu tenho certeza de uma coisa: você seria incapaz de usar suas palavras para diminuir alguém.
Nós não sabemos para onde ir, então vou me perder com você. Nós nunca desmoronaremos, porque nos encaixamos direito, nós nos encaixamos direito.Two Pieces

Nenhum comentário:

Postar um comentário