07/07/2016

Capítulo 24.

A cama, a cada dois segundos, afunda por baixo do meu corpo, enquanto me recuso a abrir meus olhos, pois sinto que meu eu se encontra fraco o bastante para cometer tal ato. Sua risada e a voz fina acabam causando-me um sorriso, um reflexo de algo incoerente.
Portanto, no segundo em que seu peso físico se colide com meu corpo jogado, solto um gemido rouco e abro meus olhos rapidamente, tendo uma boa visão do rosto fino e contente de Hope.
Acorta, papai. — eu a olho por cima de mim, seus dentinhos estão em evidencia. Forço um sorriso, mas o sono acaba dominando minha expressão facial.
— Papai acordou. — eu falo baixinho, colocando seu corpo miúdo ao lado do meu. Logo depois, eu a abraço, beijo sua bochecha e a ouço gritar após sentir minha respiração colidir-se em sua pele. — Onde está Sky?
Tá torminto. — fecho meus olhos, tentando me aprofundar no sono novamente, mas Hope não aparenta querer que eu, em algum segundo, durma outra vez. — Papai, acorta. — ela me balança e se levanta após livrar-se de meus braços. Eles rodeavam seu corpo e o prendia em mim. — Mamãe tisse para você acortar. Você é muito preguiçoso.
— Preguiçoso? — eu gargalho e a olho bem. — É que papai tá cansado. — explico-a, sorrindo de lado.
Eu me aconchego, apoiando as costas sobre a cabeceira.
— Por que tá cansato? — ela está de joelhos sobre o colchão. Suas mãos alisam seus cabelos curtinhos.
— Porque papai não dormiu à noite.
— Por que não? — Hope aperta seus lábios e balança seu corpo. Ela tem aquela mesma mania que Selena tinha sobre querer perguntar o porquê de absolutamente tudo. — Papai, você tem uma vagina?
— O quê? — eu gargalho. — Não, filha.
— Então, o que você tem? — a garotinha cruza os braços, mas é de uma maneira estranha. Um cotovelo sobre o outro, enquanto cada uma de suas mãos toca os ombros.
— Por que você faz perguntas tão difíceis? — agora ela ri, envolvendo seus dedos sobre os cabelos. — Depois eu te conto, tá bom? — num balançar de cabeça, Hope concorda.
— Tá bom. — ela fica em silêncio por poucos segundos, eu já esperava que algo assim fosse acontecer. — Papai... — eu começo a entender o fato de Selena se irritar ao ouvir, sem parar, a palavra “mamãe”. Hope acaba se tornando uma expert nesse quesito. — Hope ouviu barulhos ontem.
— Barulhos? — de repente, por força do hábito, me desencosto da cama, esboçando uma feição curiosa e, ao mesmo tempo, preocupada. A garotinha se senta em meu colo e, enquanto toca meu rosto com suas ambas as mãos, anui com a cabeça. — E você viu algo? — assim que ela nega, eu suspiro aliviado, sorrindo por receber uma expressão fofa em seu rostinho claro.
— Hope tava com medo te levantar. O que era?
— É que a mamãe e o papai estavam brincando. — Hope abre sua boca ao extremo, parece surpresa.
— Vocês brincam? — eu balanço a cabeça, beijando o topo de sua testa coberta pela franjinha lisa e amarronzada. — Por que não chamaram Sky e Hope para brincar também? — eu me embolo um pouco. Desvio o olhar para conter qualquer tipo de desculpa.
— Porque é uma brincadeira de gente grande.
— Quando vou poter brincar? — seus olhos brilham, ela se parece tanto com Selena.
— Quando o papai morrer. Lembre-se disso todas as vezes que você pensar em brincar. — a moreninha, após rir, balança a cabeça. — Agora deixe o papai tomar banho para relaxar um pouco.
Esticando minhas pernas por baixo do corpo de Hope, sinto uma corrente fraca vagar por mim, me sinto cansado e com dores musculares. Minhas mãos puxam seu corpinho, colocando-o sobre o chão. Balanço seus cabelos e, quando sinto o lençol escorregar por minhas pernas, Hope gargalha colocando suas mãos sobre os olhos. Eu rio quando me permito perceber que estou apenas de cueca.
— Você tá pelato, papai. — suas mãozinhas permanecem em contato físico com seu rosto, eu rio empurrando suas costas em direção à porta.
— Papai não tá pelado. — minha voz sai embaraçada devido ao riso forte que escapa de minhas cordas vocais. — Vá lá acordar a Sky. — assim que a vejo correr em direção ao quarto à frente, giro meu corpo e volto todo o trajeto, porém me colocando para dentro do banheiro.
O barulho remoto do celular me desperta, enquanto minhas mãos alisam meus cabelos molhados. A água gelada escorrega rapidamente pelo meu corpo e eu tento ignorar a melodia abafada que se encontra no quarto. Sete minutos após, puxo a toalha logo depois de desligar o registro do chuveiro. O pano de algodão branco é enroscado em minha cintura. Eu balanço os cabelos, deixando-os úmidos. O quarto ainda está vazio, a cama desarrumada, Selena não apareceu por aqui ainda.
Atento à terceira chamada que escuto, recolho o celular da cama, vendo como número restrito. Eu hesito, mas acabo rolando meu indicador sobre a opção verde.
— Alô. — falo um pouco impaciente. Minha mão vaga segue de encontro ao meu cabelo, sentindo algumas gotículas de água gelada cair sobre meus ombros.
— Oi, Justin! Tudo bom? — eu reconheço sua voz. — É o Scooter.
— E aí, Scooter. — meu tom vai se animando aos poucos. — Tudo ótimo e você? — caminho até o guarda-roupa, vendo alguns jeans pendurados sobre o cabide prateado.
— Ótimo. Então, eu vou direto ao ponto. Você precisará viajar amanhã bem cedo. — arregalo meus olhos, enquanto visto a boxer e, logo depois, a calça jeans de lavagem escura. — Eu sei que você acabara de chegar na cidade, mas eu te arranjei um caso irrecusável... Em Londres.
— Londres? — questiono perplexo. É muito longe. — Scooter, eu cheguei em casa há dois dias. Não posso simplesmente juntar minhas malas e viajar assim. Eu preciso ficar com a minha família um pouco.
— Eu sei, Justin, sei disso e entendo sua situação. Mas penso que essa é uma proposta irrecusável, que abrirá muitas portas para sua carreira. E todos sabem, eu não confio em nenhuma outra pessoa além de você. E foi por esse motivo que lhe indiquei ao caso. — eu sei. — Estamos falando de trinta mil dólares. — passo minha mão sobre a testa e me sento na beira da cama, observando atentamente o chão, mas pensando no que acabara de ser proposto.
— Por quanto tempo? — meu tom soa baixo, eu não quero que Selena ouça, ainda sabendo que a mesma se encontra no andar abaixo.
— De dois a três meses. Disso não passa. — eu fico alguns segundos calado. Eu penso, penso e penso. — Então, o que você me diz?
— Tudo bem. — digo por fim, ouvindo-o me dar as informações necessárias.
Jogo o celular sobre a cama e penso em como eu direi isso à Selena. Em outras palavras, nada coerente se infiltra em minha mente. Portanto, levanto-me da cama e deixo o quarto. Ouço as vozes das garotas virem do quarto à frente, porém me esquivo disso. Ando rapidamente em direção à escada e quando chego ao último degrau, aos poucos ouço sua voz dócil e meiga. Soa de uma maneira única. É o suficiente para que me faça ir de encontro a ela, vendo seu corpo se mexer rapidamente, enquanto ambas as mãos se movem com agilidade.
Seus olhos sobem e ela me olha. Um sorriso escapa de seus lábios, eu me aproximo em passos curtos, observando bem seu semblante espontâneo. Ela é tão linda.  
— Bom dia. — Selena fala e seu corpo se desinclina, pondo-se de pé de maneira comum.
— Bom dia, meu amor. — eu quase corro e a prendo em meus braços, rodando nossos corpos e ouvindo sua risada dominar o ambiente.
— Nossa, que contente. — ela fala de maneira engraçada, mas sabe o porquê de eu estar agindo a sim.
— Como está meu bebê? — minhas mãos descem com delicadeza, eu as coloco sobre sua barriga tampada pelo vestido rosado que traja seu corpo. Selena solta uma risada gostosa e apoia suas mãos em meu rosto.
— Que bebê? — viro meu pescoço delicadamente, observando a estrutura ereta de Sky. Ela anda em nossa direção e Hope vem logo atrás. Em seus braços, Wood se encontra. — Mamãe, você vai ter um bebê? — Selena balança a cabeça e, de repente, eu as vejo pular juntinhas... Sky e Hope. — A mamãe vai ter um bebê, Hope, a gente vai ter um irmãozinho. — eu gargalho alto e solto o corpo de Selena, abraçando as garotinhas contentes.
Onte tá o bebê ta mamãe? — vish, começou.
— Tá na barriga dela, Hope. — Sky a responde e alisa meus cabelos, enquanto estou ocupado demais observando o quanto ela é linda. — Não é, papai? — num ato automático, concordo balançando a cabeça, demonstrando o quanto estou preso ao momento.
— Mamãe, como você colocou o bebê na sua barriga? — eu rio e Selena também. Logo mais, eu a vejo envolver Hope em seus braços, colocando-a em uma das cadeiras à frente da mesa arredondada. — Hope pote ter um bebê também?
— Mas você é um bebê, meu amor... Você precisa crescer primeiro, namorar, se casar e depois ter um bebê. — Selena tenta ser meiga, mas sua risada domina toda a situação.
— Selena, pare de falar isso a Hope. — eu mando, estou sério. — Ela vai crescer com esse intuito e se eu vê-la com algum garoto, a coisa vai ficar feia.
Eu me sento ao seu lado, vendo Sky puxar uma torrada e abocanhar a mesma. Abro o pote de picles para Selena, observando-a passar um deles na manteiga de amendoim.
— Então, eu nunca vou poder namorar? — Sky questiona, isso me faz olhá-la no mesmo segundo. Seus olhos claros estão firmes nos meus, eu sei que Selena está sorrindo, embora minha atenção não esteja exposta a ela neste momento.
— Hope, tire o porquinho da mesa. — a morena pede, recebendo resultados.
— Por que você está perguntando isso? — eu questiono um pouco alto, Sky desvia o olhar e bebe o leite puro que há em seu copo rosa. — Você está namorando?
— Tô. — sem esperar por essa resposta, engasgo, sentindo Selena dar alguns tapinhas em minhas costas.
— Como é que é? — ela franze as sobrancelhas. Selena gargalha, então eu a olho. — Por que você está rindo? Você ouviu o que a Sky disse? Ela disse que está namorando. Selena, ela tem seis anos.
— Ela não está namorando. — ela me responde de forma gentil, mas não é o bastante para que me faça desviar o olhar. — Ela só tem um amiguinho no colégio.
— Ele disse que eu sou a namorada dele. — Sky fala alto, após terminar seu leite.
— Não gostei. — falo sincero, voltando a dar atenção ao pão aberto sobre o prato. — Você vai trocar de colégio e nós vamos nos mudar o mais rápido possível. E se me der na telha, você estudará num colégio apenas para garotas. — enquanto falo, espremo alguns doritos em cima do pão e, logo em seguida, passo manteiga de amendoim. — Eu não quero você perto de garotos. Você tem seis anos, entendeu?
— Eu estou brincando, papai. — ela ri e balança a cabeça. — Eu não quero um namorado. Que nojo.
— Hope quer um namorato. — eu olho para a garotinha, observando sua franja incomodar ambos os olhos.
— Hope quer calar a boquinha. — ela ri com minha resposta, entretanto, acabo rindo também. — Mas que amiguinho é esse? — volto a olhar para Sky.
— Ele é da minha sala. — ela responde normal. — Mamãe deixou a gente ver filme aqui em casa. E todos os meus amiguinhos vieram. — explica-se, me deixando um pouco mais calmo. — Você fica muito engraçado com ciúmes, papai. — ela gargalha.
— Não, meu amor. Ele não fica engraçado com ciúmes. — Selena responde um pouco séria, eu sei sobre o que passa em sua mente agora. — Terminem logo. Vamos para casa da vovó.
— Não vamos para a escolinha? — pergunta a lourinha.
— Não, hoje não precisam ir. — Selena responde e se levanta rapidamente. — Se tiverem acabado, podem ir tomar banho.
Vejo Hope descer com dificuldade, mas Sky a ajuda. Posteriormente, após receber um beijo na bochecha de ambas as garotinhas, observo-as sumirem das minhas vistas. Selena grita para não correrem sobre as escadas, elas concordam e riem logo em seguida.
Estamos sozinhos... É agora.
— Selena... — seu nome escapa como um sussurro, ela me olha no mesmo segundo, tendo noção do meu tom avulso. Selena passou a me conhecer melhor do que a mim mesmo. — Precisamos conversar. — agora, me levanto e coloco os pratos dentro da pia. Ela está imóvel, esperando com que eu diga algo a mais. — Então...
— O que aconteceu?
— Não, não aconteceu nada. — eu me embolo um pouco, mas sibilo logo em seguida. — Eu precisarei viajar.
— O quê? De novo? — seu tom de voz é abismado, ele me faz apenas assentir com a cabeça. — Justin, você acabou de chegar.
— Eu sei, eu sei. — tento estar calmo, mas Selena vira seu corpo e tende a sair da cozinha, porém sou rápido o bastante ao ponto de conseguir segurar seu pulso. — Não fique assim, por favor.
— E você espera que eu fique como? Você fica fora por quase três meses e quando volta, tem que ir outra vez. — seu corpo sobre um solavanco, ela tenta soltar-se de mim, mas eu não permito. — Me largue, Justin.
— Não, eu não quero que você fique brava comigo.
— Eu não estou brava. Eu estou chateada, é diferente. — e, de repente, ela chora. Droga. — Você tem noção do quanto é horrível ficar aqui sem você? Eu sinto tanto a sua falta.
— Eu sei, eu também sinto sua falta. — impulsiono-me para frente, eu a abraço logo em seguida. — Mas eu preciso ir, amor.
— Não, você não precisa. — ela abraça meu corpo e eu sinto seu rosto ser enterrado na curva do meu pescoço. — Por favor, não vá... Fique comigo. Eu preciso de você, Justin.
— É o meu trabalho, Selena, tente entender.
— Não, eu não quero entender. — ela empurra meu corpo e dá dois passos para trás. — Você está colocando o seu trabalho em primeiro lugar... Você está colocando ele acima de mim e das meninas.
— Eu vou ganhar bem, é uma oportunidade única para mim. — meu tom agora soa alto, mas eu não grito. — São trinta mil dólares.
— Eu não me importo com o quanto você vai ganhar, Justin. A gente nunca precisou de tudo isso. — e, rapidamente, ela se solta dos meus braços e sobe as escadas.
— PORRA! — grito alto, chutando o chão de maneira hostil. — SELENA! — berro por seu nome, enquanto corro sobre as escadas, sentindo minhas pernas doerem com certo impacto.
Empurro a porta com agilidade, ela está arrumando a cama, enquanto funga, com a intenção de cessar o choro. Selena sempre foi vulnerável, eu sempre fui acostumado com a parte sensível que há nela.
— Me desculpe. — eu não sei por que peço, mas eu acho que é preciso. — Eu queria poder ficar com você por mais tempo, mas...
— Mas o quê? Eles precisam de você lá? — eu anuo. — Eu também preciso e preciso agora mais do que nunca. — eu sei sobre o que Selena fala e é exatamente por esse motivo que eu não queria ter outro filho agora. — Por favor, não vá. — ela suplica outra vez, e isso só me faz andar em sua direção. — Eu quero que você fique aqui comigo, Justin, o mundo fica menos horrível quando você está aqui.
— Ouça... Eu te prometo que quando eu voltar, eu vou passar todo o tempo do mundo com você. — com meu indicador, limpo as poucas lágrimas que estão firmem em suas pálpebras. — Eu tiro férias e a gente viaja para o lugar que você quiser... Por quanto tempo você decidir. E hoje eu prometo que passaremos o dia todinho juntos. Eu, você e as garotas.
— Justin... — ela murmura baixinho. Eu sorrio para confortá-la. — Você promete me ligar todos os dias?
— Eu vou ficar com você todas as noites no telefone. — Selena sorri finalmente.
— E você não vai olhar para nenhuma outra garota, né? — rio e nego com a cabeça. Eu nunca fiz isso
— Eu só tenho olhos para você... — ela roda seus braços em meu pescoço e eu sinto novamente seu perfume dominar meu corpo. — Você ainda tem dúvidas do quanto eu te amo? — eu pergunto por força do hábito, lançando-a um semblante preocupado.
— Não... Eu só tenho medo de você achar uma pessoa melhor do que eu... Que te mereça mais. — eu a beijo rapidamente, sentindo seus lábios se alargarem por cima dos meus.
— Como se houvesse alguma possibilidade de isso acontecer... Você foi feita para mim. Sete anos depois e você continua sendo a única na minha mente.
— Eu já disse que te amo?
— Não hoje. — sua risada me domina, eu sorrio também, sentindo seus lábios serem selados sobre toda a extensão do meu rosto, fazendo com que eu envolva ainda mais meus braços ao redor de seu corpo.
É incrível como ela consegue arrancar o que há de melhor em mim.
— Mamãe, a gente tá pronta. — a voz de Sky nos desperta e ela sorri quando nos olha dos pés à cabeça. — Vocês estão se beijando...
— E você atrapalhou. — falo humorado, vendo-a correr em nossa direção. — Quer um beijinho também, é? — ela pula em meu colo e eu nos jogo sobre a cama, ouvindo Selena rir conosco.
— Eu gosto de ver vocês se beijarem, papai. — diz ela, me deixando surpreso. — Eu não quero que vocês se separem nunca.
— Nós não vamos. — falo invicto, apagando qualquer possibilidade de algo como isso ocorrer. — Nunca, nunca.
Nunca.

Aproximadamente cinco horas depois.
02ho6min PM.
— Precisamos cortar essa franjinha. — fala Pattie, alisando o rostinho singelo de Hope. Posteriormente, sua palma direita é posta sobre a testa da garotinha, deixado alguns frios dos cabelos castanhos dela, tocarem as costas de sua mão. — Está com fome, bebê? — eu acho engraçada a forma como mamãe trata as meninas.
— Não, vovó. — Hope responde gentilmente, tocando em seu rosto claro, olhando seus olhos brilhantes.
— E você, Sky? — questiona mamãe, dando atenção à lourinha sentada no tapete central da sala. Sky apenas nega com a cabeça, logo voltando a brincar com suas Barbies. — Sabe, eu andei notando algo diferente em você, Sel.
— Hm, é incrível como mulheres notam as coisas, mas homens não. — Selena a responde, ela está ao meu lado, segura meu braço direito, enquanto eu encaro meu pai. O mesmo brinca com a moreninha ao seu lado. — Sim, eu estou grávida... Outra vez.
— Outra vez? — pergunta Jeremy, mas seu tom é animado. — Isso é maravilhoso. — conforme os anos foram se passando, eu pude perceber o quanto meu pai é do tipo que ama uma família grande. Antes de estar com Selena, eu nunca reparei isso, sempre estive ocupado demais pensando apenas em mim. — Agora eu ganho um netinho, certo?
— Eu espero. — falo animado, selando meus lábios nos da garota ao meu lado.
Quanto o bebê nasce? — pergunta Hope, olhando para Jeremy logo em seguida.
— Vai demorar um pouquinho. — Pattie a responde no mesmo segundo, rindo da forma como sua voz soa.
— Vovó, te onte vêm os bebês? O papai não me contou. — sua voz é tão meiga, eu a amo.
— Não vamos entrar nesse assunto outra vez. — imploro, passando minha mão esquerda sobre a testa, me limitando a dizer algo a mais.
Pattie gargalha.
— Um dia você vai saber, querida. — responde a mulher.
— Que seja depois que o papai morrer... Após dois anos de luto. — aviso-a, ouvindo todos riem da forma como meu timbre flui.
— Justin... — pigarreai meu pai. Seu corpo se levanta do sofá rapidamente. Eu olho para Selena e a vejo sorrir, como forma de incentivo para que eu siga o homem que acabara de atravessar a porta central que dá à entrada da área de laser.
Vejo seu corpo rígido sentado em uma das cadeiras de sol. Depois de dois segundos olhando-o, eu me sento ao seu lado, querendo entender por qual motivo estamos aqui.
— Sua mãe já te contou como eu a conheci? — não entendo por que ele me questiona isso. Portanto, eu o olho de forma estreita, ouvindo sua risada assediar o local fresco. — Ela era a namorada do meu melhor amigo... Sim, eu a roubei dele. — rio e encaro o chão por baixo de nossos corpos. — Mas não foi como você está pensando, foi algo mais complicado e inesperado do que isso.
Eu nunca realmente soube como meus pais se envolveram, tudo que passava pela minha mente era que ele teve que abrir mão de todos os seu sonhos para que eu e Pattie tivéssemos uma vida boa... A vida que hoje temos.
E nessa tarde, eu entendi o porquê de meu pai ter planejado todo o meu casamento com a Selena... Ele viu a si mesmo e a mamãe, em mim e nela.
— Eu a conheci em uma festa. Eu tinha dezoito e ela dezesseis. Eu a achei bonita no segundo em que passei meus olhos nos dela.  Para mim, ela era a garota mais linda do mundo. — balanço a cabeça, ouvindo suas palavras atentamente. — Foram se passando semanas, meses e eu comecei a me reparar bem. A notar como eu ficava diferente perto da namorada do meu amigo. Era errado, mas eu não conseguia controlar meus sentimentos. Um dia ela bateu na porta da minha casa chorando. Eu fiquei preocupado e pedi para que ela entrasse, perguntei o que havia acontecido e ela me disse que Jimmy tinha terminado com ela por ciúme bobo. Eu não entendi bem o porquê de Pattie ter ido a minha casa, nós nunca fomos amigos, só nos conhecíamos. Apenas isso. Mas, acima de tudo, eu me sentia muito apaixonado por ela e deixei o momento falar por mim. Eu me aproveitei da situação e acabei conseguindo levá-la para cama... Então, ela engravidou. — ele fala baixo, como se estivesse vendo cada cena de anos atrás. — Naquela época, as coisas eram diferentes. Então, quando nossos pais souberam dessa gravidez, nós fomos obrigados a nos casar, fomos obrigados a viver debaixo do mesmo teto, sendo que tudo o que ela mais queria, era acabar com isso... — Jeremy me olha nos olhos, eu estou com a respiração travada, assim como meu maxilar. — Justin... Eu quis me casar, ela não... Eu a amava, mas ela não me amava. E eu fazia de tudo para fazê-la me aceitar, mas ela estava ocupada demais gostando de outra pessoa. — e eu entendi tudo e me levei há anos atrás. Lembrei-me das vezes que eu não permiti que Selena se aproximasse, porque eu estava ocupado demais gostando de outra pessoa.
— Por que você nunca me contou isso?
— Eu não sei, talvez porque nunca tivesse sido necessário. — então, por que está me dizendo isso agora? É o momento realmente preciso? — O que eu estou querendo dizer, Justin, é que amor não é o suficiente para manter um casamento. É preciso paciência, confiança, compaixão e, acima e tudo, presença.
— Por que está me falando isso, pai?
— Família em primeiro lugar, Justin... Família em primeiro lugar.
Eu entendo o que ele quer dizer, mas eu não o digo nada. Apenas sorrio, é o suficiente.
Passamos à tarde juntos. Eu, Selena, mamãe, papai, Sky e Hope. Foi um bom dia, na verdade, ótimo. Eu não me lembro de ter acabado com algo que me irritasse, de certa forma.
E fomos embora. Eu conversei com Selena durante todo o tempo, me lembrando dos primeiros dias, das suas primeiras perguntas, do jeito como éramos comparado ao que somos agora.
Assim que paro o carro, olho por trás do banco e vejo ambas as garotinhas. Sky está olhando para suas Barbies, enquanto Hope dorme tranquilamente. Já está tarde, passara das nove, meu corpo se sente cansado por ter passado tanto tempo distante de algo que me fizesse relaxar, embora tenha sido um dia confortante com a família.
Selena pega Hope no colo, enquanto eu faço o mesmo com Sky.
Entramos em casa juntos, o ar quente domina minha pele, é uma sensação maravilhosa de aconchego.
Quando vejo Selena beijar a testa de Sky e desejá-la uma boa noite, eu me sento em sua cama macia, observando-as dizerem que se amam muito e que esperam que tenham bons sonhos. Entretanto, espero com que Sel deixe o quarto. E, por alguns segundos, fico calado, olhando para o seu rostinho liso e dócil, notando como ela foi o motivo pelo qual eu tenho uma família agora.
— Precisamos ter uma conversinha. — falo baixinho, para evitar que Hope desperte de seu sono.  Sky está deitada, mas me olha. — Papai vai viajar amanhã.
— De novo, papai? — quando ela pergunta, eu só consigo balançar a cabeça, pois sinto um nó firme pregar sobre minha garganta. — Por quê?
— Porque papai precisa trabalhar para poder comprar suas Barbies... Seus livros, seus roupinhas de princesa. — bato meu dedo sobre seu narizinho pequeno, Sky ri eufórica e beija minha mão.
— Papai... — eu a olho firmemente. — Quando eu crescer, eu quero me casar com você.
— Comigo? Por que quer se casar comigo? — estou surpreso, não consigo não rir de sua inocência incrível, apesar da inteligência anormal que há nessa garotinha.
— A mamãe disse que devo me casar com alguém que me ame de verdade e você me ama, não é mesmo, papai? — eu balanço a cabeça enquanto aliso seus cabelinhos ralos. Ela parece tanto com Selena, é algo surreal. — E eu te amo muito. Quero me casar com você, papai.
— Mas você não pode se casar comigo, meu amor. — aviso-a, Sky lança uma expressão confusa.
— Por que não?
— Porque eu sou casado com a mamãe, se esqueceu? Ela ficaria triste se eu a deixasse.
— Eu não quero que você deixe a mamãe nunca.
— Eu nunca a deixarei... — ela sorri. — E também jamais deixarei você e a Hope. E sempre quando eu estiver viajando, estarei pensando em vocês, apenas para que vocês jamais se esqueçam de mim.
— Eu também vou pensar muito, muito, muito em você.
— É mesmo?
— Aham, apenas para que você jamais se esqueça de mim. — eu sorrio, pois a acho a pessoinha mais incrível de todas.
— Agora você tem que dormir, ok? Quando papai voltar, vamos ficar juntinhos outra vez. Eu prometo.
— E poderemos ir ao zoológico?
— Vamos ir aonde vocês quiserem. — falo dessa forma, pois sei que Hope também tem suas preferências, apesar de ser tão mais nova. — Boa noite, meu anjo. — eu me inclino um pouco e beijo sua testa.
— Papai, a Serafina também quer um beijo de boa noite.
— Tudo bem, a Serafina também ganhará um beijo de boa noite. — ela sorri e eu beijo a testa de pano da boneca em seus braços. — Boa noite, Serafina. — sussurro e Sky sorri feliz.
Levanto-me da cama e apago o abajur. Assim que viro meu corpo e caminho até a porta, a garotinha me chama outra vez, me fazendo, por impulso, parar meus passos.
— Papai, deixe a luz de fora acesa? Eu tenho medo.
— Quando você sentir medo é só olhar para cima e contar as estrelinhas que estão brilhando para você. — mesmo estando escuro, eu sei que ela balança a cabeça e sorri de um jeito reconfortante.
— Boa noite, papai, eu te amo daqui até o céu.
— Eu também te amo.
Eu a olho enquanto meu corpo está encostado no batente da porta. Selena está sentada à frente de sua penteadeira, suas mãos seguram seus cabelos, enquanto os prende em um coque apertado, intencionalmente não querendo que o mesmo se solte.
Assim que me aproximo, inclino-me um pouco, o suficiente para conseguir beijar sua nuca despida. Um sorriso aparece em seus lábios, ela me olha pelo reflexo limpo do espelho.
— Tenho um presente para você. — eu sussurro, seu rosto se vira e antes que eu me levante, a beijo calmamente, alisando suas bochechas inchadinhas.
No segundo em que me afasto e caminho em direção à cômoda, puxo a última gaveta e pego minha maleta de dentro da mesma. Selena agora se põe sobre a cama. Ela observa cada um dos meus movimentos.
Recolho a mediana caixa preta e me levo em direção a ela. Seus olhos estão presos aos meus, e minhas mãos abrem a caixinha em sua direção. Sua boca, aos poucos, se abre até eu conseguir ver um sorriso magnífico em seus lábios.
É um simples colar e eu o escolhi justamente por ser dessa forma.
— Eu queria lhe dar no nosso aniversário de casamento. — digo baixinho. Seu corpo é virado um pouco, eu coloco o colar em seu pescoço, vendo sua nuca lisa, sem qualquer defeitinho. — Mas como eu não estarei aqui...
— Podemos jantar via skype. — ela propõe.
— É uma ideia maravilhosa. — nós nos olhamos firmemente, estamos em silêncio e, como sempre, é como se ele dissesse tudo. — Você vai ficar bem? — pergunto, eu estou tocando em seu rosto lindo.
Selena balança a cabeça.
— Vou...
— Mereço um sexo de despedida? — ela gargalha, eu também.
Suas mãos abaixam a alça de seu vestido fino, e eu a beijo quando recebo sua deixa.
A noite nunca foi tão boa.

No dia seguinte.
07h43min PM.
— Você pode me ligar todos os dias... A qualquer hora, em qualquer momento. Não me importo com o fuso horário, pode me acordar sem problemas. — ela fala rapidamente, ajeitando, de maneira certa, minha gravata. — Mas não deixe de falar comigo. E não olhe para outras mulheres. — eu balanço minha cabeça por força do hábito, rindo da forma como ela parece preocupada. — E quando você chegar em Londres, me ligue na mesma hora.
— Eu farei. — falo por fim, puxando seu rosto com ambas as minhas mãos. — Me conte sobre tudo, vá ao médico direitinho e não coma bobeiras. Cuide do nosso bebê e das nossas garotinhas.
— O papai tá into embora. — eu ouço a voz fraca de Hope. Quando olho para a porta aberta, eu a vejo ao lado de Sky. Ambas com seus pijaminhas rosados.
Ouço o barulho do táxi alcançar meus ouvidos, eu retiro meus olhos das garotas por alguns segundos, observando o veículo parar ao meu lado.
Hope corre em minha direção, Sky a acompanha e, assim, eu me abaixo um pouco, sentindo-as me abraçar de uma maneira forte.
— Você vai voltar? — pergunta a moreninha, com sua voz já falha. Ela está chorando e não se preocupa com isso.
— É claro que eu vou voltar, meu amor. — eu a digo de forma alta, expondo o quanto estou certo de que voltarei para vê-las novamente. — Eu sempre volto, não é mesmo? E vocês vão ver, vai ser rapidinho. — eu revezo meu olhar, dando atenção às duas. — E quando eu voltar, nós ficaremos juntos, tudo bem? — os olhinhos de Hope brilham devido às lágrimas que insistem em fincarem sobre suas duas escleróticas 
— Não se esqueça da gente, papai. Vamos pensar muito em você. — fala Sky, dedilhando meu rosto à frente do seu. — Eu te amo.
— Eu também te amo, papai. — sussurra Hope, voltando a me abraçar de forma forte.
— Eu amo vocês também, minhas princesas.
Após selar meus lábios sobre a testa de cada uma das duas, eu volto a me levantar e a olhar para Selena. E, depois de cinco segundos em silêncio, seu corpo sofre um movimento brusco e eu a sinto abraçar meu pescoço e não querer soltá-lo mais. Com sua boca quase fundida em minha orelha, eu ouço sua voz soar como um sussurro, devido à aproximação:
— Eu te amo.
— Eu te amo mais. — eu falo realmente sincero, porque apesar de tudo, eu sinto como se eu a amasse mais.
Logo eu nos afasto um pouco para conseguir vê-la melhor, para conseguir gravar a feição linda que eu olho pela última vez antes de partir de novo.
— Eu vou voltar. — digo certo. Seu sorriso se intensifica e me faz beijá-la logo em seguida, ouvindo as risadinhas meigas que as duas garotinhas soltam ao nosso lado.
Então, por fim, eu abro a porta do táxi, coloco minha bagagem sobre o banco traseiro e entro logo em seguida.
Quando o veículo range e dá a partida, eu viro meu rosto e por trás do vidro, eu vejo Hope no colo de Selena, as duas acenam. E, quando olho para Sky, eu a observo correr, seguir o carro que parti cada vez mais rápido.
Sua voz grita para mim. Eu consigo ouvi-la perfeitamente, isso só faz com que eu ria mais e mais. E eu sinto saudade antes mesmo de partir.

“Tchau, papai. Não se esqueça da gente, tá bom? Tchau... Eu te amo, tchau.” 

Capítulo 23.

— Eu sou um idiota, eu errei com você, disse coisas ridículas para você e eu sinto muito. — falo alto, enquanto mantenho minhas mãos sobre o volante. Treino frases, pedidos de desculpas, me convencendo de que ela vai me compreender como sempre fizera, que vai alisar meu rosto e dizer que está tudo bem, que me ama mesmo com a parte idiota que permanece em mim.
Estaciono o carro na garagem, desço do mesmo e entro em casa. O lustre da sala está aceso, assim como o da cozinha. Posso ver a iluminação clarear o corredor em frente à escadaria com um grosso tapete verde sobre a mesma.
Subo ao segundo andar e abro a porta branca com algumas flores roxas sobre a mesma, acompanhada do nome de ambas as minhas filhas. Assim que coloco meu rosto para dentro do quarto cor-de-rosa, vejo as garotinhas deitadas; cada uma em sua cama. O abajur permanece ligado, ele clareia o perímetro em que estão.
Fecho a porta e viro meu corpo, dando três passos e adentrando no meu quarto e do de Selena, encontrando-o vazio, a cama está arrumada, tudo em perfeitas ordens.
— Selena? — chamo-a baixinho, se ela estivesse em algum canto do cômodo, me escutaria.
Volto todo o caminho pelo qual trajei, descendo as escadas de maneira rápida, ouvindo meus passos ecoar de forma alta e profunda. Dou uma boa passada de olhos na sala, têm algumas almofadas jogadas ao chão, eu me lembro do segundo em que eu a empurrei, eu sentia a raiva acumular minhas veias.
Após colocar ambos os pés sobre a primeira cerâmica que há na cozinha, eu vejo seu corpo parado em frente à geladeira. Olho-a da cabeça aos pés, observando que Selena traja sua camisola de seda fina. Eu sempre amei a forma como ela fica em seu corpo, isso só me mostra todas as noites que ela é a mulher mais linda que existe.
— Oi! — eu falo em um tom baixo, ela se assusta e vira um pouco seu rosto. Sua boca se mantém entreaberta, sua respiração parece incompatível a minha, uma vez que ela não parece mais controlada por meus pulmões amortecidos pela calma que suguei, minutos atrás, do fundo da minha alma.
— Eu guardei três pedaços de pizza na geladeira, caso esteja com fome. — ela volta a encarar o lugar que tinha sua atenção antes de me ouvir chamá-la. Tenho uma bela visão de sua nuca, visto que seus cabelos estão presos em um coque.
— Amor? — eu falo alto, agora. Selena não se vira, mas espera que eu continue. — Por favor, precisamos conversar.
A morena volta a se virar, seus braços estão retos e sua feição permanece calma. Quando aprofundo minha visão, enxergo suas pálpebras inferiores inchadinhas. Ela chorou por horas, enquanto eu estava ocupado demais tentando me divertir, pois queria esquecer a discussão que eu mesmo criei.
— E-eu... — engulo o seco, tenho a certeza do que quero dizer. — Eu me encontrei com uns amigos do colegial. Bebi um pouco de vinho e, depois... Eu levei Hailey ao seu apartamento. — Selena arregala seus olhos, eu vejo as duas pelinhas de seu nariz pulsarem, sua respiração está descontrolada. Ela sente medo do que está prestes a vir. — Ela me chamou para entrar e beber um pouco. — e, antes de eu continuar, eu observo as lágrimas serem criadas em seus olhos e deslizarem sobre sua feição triste.
Não chore, meu amor, eu jamais ficaria com alguém que não fosse você.
— Justin... — ela sussurra.
— Eu não entrei. — respondo antes de ouvi-la me questionar. — Não consegui, eu pensei tanto em você. Eu vim para casa. — olho para o chão, procuro por mais palavras. — Eu sei que você está se sentindo insegura agora e com medo, mas eu espero que você acredite em mim ao me ouvir dizer que eu nunca, nunca, nunca traí você. — ela passa suas mãos sobre o rosto, limpando as lágrimas que insistiam em ser protestadas. — Eu te amo, Selena, eu te amo tanto que não sei como explicar. Tudo o que eu sei é que eu fui um idiota por ter agido da forma que agi essa noite, por ter dito palavras sem pensar e insinuado coisas ridículas. Eu acho que sou apaixonado por você desde a primeira vez que botei meus olhos nos seus, quando eu lhe vi sentada naquele maldito sofá da casa do Dylan. — ela solta uma risada meiga e sorri. — Eu nunca poderia imaginar que você seria a mulher da minha vida, por mais previsível que nossa relação seja.
Eu costumava dizer a ela o quanto ela é importante para mim, isso aconteceu nos primeiros meses, depois, conforme o tempo foi passando, minhas palavras sumiram, até eu só dizer que a amo, sem detalhe algum, sem motivo, sem explicação. Apenas um eu te amo remoto e simples.
— E todos aqueles momentos em que você diz ser minha, você me faz sentir como se eu fosse seu mundo inteiro. E todos os dias quando estamos longe, eu consigo me lembra perfeitamente o jeito que você diz “eu te amo” para mim. — eu sinto meus olhos arderem, a vontade de chorar é absurda, não consigo entender por que, mas olhá-la agora parece a melhor opção. — E eu descobri que eu nunca serei uma sorte para você. Sorte é poder tê-la na minha vida. Você é tudo o que eu quero. Eu amo tudo o que há em você... Seus olhos castanhos, suas bochechas inchadas, a ponta quadradinha do seu nariz... Seus seios incrivelmente grandes. — ela ri alto e nega com a cabeça, ainda está chorando, seu rosto se encontra vermelho. — Você é o meu sonho, Selena... E por mais distante que eu esteja, eu estou pensando em você.
c Eu não quero te perdeu nunca. — quando ela diz, seu corpo sofre um impulso forte, ela quase corre em minha direção. Meu corpo relaxa quando sinto seus braços apertarem-me, ela me abraça de maneira única, seu cheiro dócil apossa minhas narinas, eu  fecho meus olhos por força do hábito. — Minha vida é viver de você. — sua voz soa num sussurro único, eu sinto que nossos corpos podem se fundirem. E agora eu tenho a certeza: eu jamais amaria alguém tanto quanto eu a amo. — Eu te amo, Justin, eu te amo desde sempre. — eu empurro um pouco seu rosto e a olho melhor. Selena sorri para mim, eu me dou ao trabalho de tatear seu rosto, não querendo me esquecer dele jamais. Quero gravar cada detalhe, até suas linhas invisíveis, suas covinhas imperceptíveis.
— Me desculpe, meu amor. — eu falo baixinho, enchendo seu rosto de beijos, enquanto ambas as minhas mãos permanecem segurando seu rosto; ela está com os olhos presos aos meus. — Eu te amo. Eu não quero magoá-la nunca.
— Tudo bem. — ela sussurra num timbre tão gostoso.
Suas mãos brincam com meu pescoço, agora. Por alguns segundos, ficamos nos olhando, até que um ato meu muda todo o clima em que nos encaixamos. Entretanto, minha mão esquerda é elevada à altura de seus cabelos, agilmente, eu puxo o coque e vejo-o se desfazer lentamente. Seus cabelos, ao todo, tocam seus ombros cobertos apenas pelas alças finas de sua linda camisola rosada.
— As meninas estão dormindo. — eu falo por falar, mas esbanjando malícia em meu tom. Suas unhas me arranham delicadamente, elas são traçadas por minha pele de maneira curvada, até conseguirem encontrar a gola “V” da minha camiseta.
— Você está cansando? — ela questiona como de costume.
— Estou acabado, foi um péssimo dia. — eu minto.
Apesar de termos brigado, não creio que o dia tenha sido tão horrível quanto cogitei horas atrás.
Seu sorriso maldoso escapa, eu abranjo por seus toques, enquanto abaixo minhas mãos e consigo apoiá-las em seu bumbum empinado, sentindo meu corpo reagir a tal ato.
Selena leva sua boca de encontro a o meu pescoço, eu fecho meus olhos quando sinto seus lábios inchados tocarem, de dois em dois segundos, cada parte da minha pele por baixo do queixo travado. Logo depois, eu a aperto, envolvo-a em mim, beijando sua boca entreaberta, totalmente pronta.
Ela pula em meu colo, eu aperto suas coxas nuas, sentindo ambos os sexos se chocarem num ato rápido e preciso. Minha boca alcança seu pescoço e Selena joga sua cabeça para trás, sinto meus beijos cobrirem toda a sua clavícula à mostra. Eu consigo sentá-la sobre um dos balcões e mármore.
No entanto, minha mão puxa sua calcinha fina, descendo-a cada vez mais, até alcançar ambos os calcanhares. Ela ri e os dedos de seus pés se juntam, enquanto sua feição esbanja algo desejoso. Aliso meus cabelos, logo depois, volto a beijá-la. Suas mãos tateiam meus braços, até conseguirem tocar à barra de minha camiseta e puxá-la para cima. Quando dou por mim, a peça verde se encontra jogada ao chão.
Selena ri e eu abaixo, calmamente, a alça de sua camisola rosada, e quando essa peça fina alcança à altura de seu umbigo perfeito, encaro seu par de seios fartos à frente do meu corpo ainda de pé, por entre suas pernas abertas. Suas mãos seguem de encontro aos botões de meu jeans escuro, eu apenas a observo mover seus dedos rapidamente, conseguindo fazer com que minha calça deslize por minhas pernas esticadas.
Eu mesmo retiro minha boxer, sentindo meu pau tocar uma de suas coxas. Minhas mãos puxam Selena para mais perto quando tocam suas costas peladas. Ela apoia suas palmas sobre o balcão em que permanece sentada e, num ato rápido, levo minha mão direita em meu pênis. O punheto por quase um minuto, observando Selena me olhar de maneira delicada. Porém sua boca se abre aos poucos quando eu afundo meu membro devagar em sua vagina, vendo-a engoli-lo de um jeito lento. Isso me faz fechar os olhos e sorrir por finalmente estarmos tendo aquela sensação maravilhosa que sentimos ao tocarmos ambos os corpos.
Todavia, seu gemido flutua de suas cordas vocais, alinhando um som tão gostoso que me causa uma risada baixinha. Suas mãos permanecem apoiadas sobre o balcão, enquanto eu movo meu corpo para frente e para trás, cada vez com mais agilidade, vendo meu pau sair e entrar e sua vagina escorregadia e apertada.
Selena balança sua cabeça e espreme os olhos.
— Deliciosa. — eu falo bem baixinho, me possibilitando vê-la sorrir quando, enquanto seu corpo balança, abro meus olhos finalmente.
Retiro minhas mãos de sua cintura, Selena se move em círculos, enquanto eu levo minhas mãos sobre seus seios que se movimentam conforme seu corpo faz. Meus gruídos ficam cada vez mais altos, assim como as intocadas; eu sinto meu pau tocar o fundo mais estreito de Selena.
De repente, suas mãos não estão mais apoiadas por cima do balcão, seu corpo vai se deitando aos poucos sobre o mesmo. A visão que tenho de Selena toda esticada para mim, enquanto ainda adentro e saio de si, é a melhor da noite. Passo minha mão por sua barriga, ouvindo-a gemer de maneira alta, seus olhos permanecem fechados, sua cabeça está cada vez mais curvada, sei que por trás de suas costas há dobrinhas maravilhosas, que apenas eu sou capaz de fazer.
Quando paro de me movimentar, retiro meu pau de Selena e a vejo voltar a se sentar. Ela me masturba em movimentos rápidos, eu passo as mãos pelos cabelos e sinto as veias do meu membro se intensificar, mas sei que meu limite não está por vir, é só o prazer que domina todo o meu corpo agora. Sou incapaz de raciocinar de forma intensa.
— Venha. — puxo seu corpo pela cintura, ela desce do balcão e solta uma risada meiga. — Vire-se. — mando.
Sem questionar, Selena vira-se e eu apoio minha mão esquerda sobre suas costas, empurrando-a com delicadeza, forçando-a se abaixar um pouco. Seus seios tocam o balcão, ela apoia os braços e o rosto sobre o mesmo, enquanto abre um pouco suas pernas. Eu arranco sua camisola por completa, deixando-a cair em um lado qualquer da cozinha.
Agarro os dois lados de seu bumbum e enfio dois de meus dedos em sua vagina molhada, masturbando-a rapidamente. Ela grui baixo, como se tentasse evitar soltar algo mais escandaloso do que tal som proferido.
Logo mais, penetro-a com meu pênis outra vez, porém com uma velocidade rápida. Eu ouço o barulho que causa quando minhas coxas se colidem com sua bunda empinada. Com uma de minhas mãos, pego uma boa quantidade de seus cabelos, rodando-os sobre minha palma, enquanto a outra permanece firme em sua cintura, no intuito de não deixar com que nossos sexos se separem nem que seja por poucos segundos.
— Isso! — ela diz baixinho, levantando um pouco seu corpo e me olhando por trás de seu ombro. Eu mordo meus lábios ao encarar sua feição desesperada pelos meus toques.
Quando Selena berra, eu sinto seu gozo fervente expandir-se com meu pênis ereto ainda por dentro de sua vagina, eu o noto melado quando o mesmo permanece saindo e entrando em movimentos rápidos. Seu corpo se relaxa, eu sinto minhas pernas tremerem, meus músculos pulsam de maneira mais forte, eu fecho os olhos, forço uma careta e solto um último gemido abafado, evidenciando minha porra sair de forma habilidosa.
Retiro-me de Selena e a vejo se levantar.
— Eu nunca meti tão gostoso. — falo baixinho, com minha boca colada em seu lóbulo da orelha direita.
— Então, o meu homem perfeito já está satisfeito?
— Três meses sem sexo e você ainda acha que estou satisfeito? — brinco, ela beija meus lábios. — Você acha que elas ouviram alguma coisa?
— Espero que não. — fala por fim.
Recolhemos as peças de roupas e subimos as escadas rapidamente. Antes de adentrarmos nosso quarto, abro a porta do de Sky e Hope e as observo deitadinhas em ambas as camas. Elas permanecem dormindo como lindas e maravilhosas anjinhas.
— É. Acho que não. — volto a fechar a porta e entro em meu quarto, vendo Selena prender seus cabelos e caminhar em direção ao banheiro. Suas roupas estão jogadas e logo as minhas fazem companhia.
Grudo nossos corpos e nós adentramos o cômodo espaçoso.
Seu pé direito toca à banheira e, logo depois, o esquerdo repete o movimento. Vejo a torneira esbanjar água de maneira forte. Selena se senta normalmente e molha seus seios. Eu ainda estou parado perto da porta.
— Vai ficar aí? — rapidamente nego com a cabeça. Meus passos são rápidos, eu me sento ao seu lado, puxando seu rosto com minha mão vaga, enquanto a outra acaricia sua barriga. — Amor?
— Hm? — beijo seus lábios, permaneço de olhos fechados.
— Tenho que te falar algo.
— Fale, meu anjo. — sussurro baixinho, por cima de seu rosto. Logo mais, levo minha mão em seus lábios, tateando-os gentilmente. Selena beija meus dois primeiros dedos e eu abro os olhos, dando-me a possibilidade de vê-la me encarar séria. Parece aflita. — O que foi?
— Estou grávida. — por alguns segundos, fico estático. Eu pisco várias vezes até conseguir digerir suas duas palavras. 
— Grávida? — ela balança a cabeça. — Como isso aconteceu?
— Uai. Como as mulheres ficam grávidas, Justin? — sua pergunta é óbvia, eu balanço a cabeça rapidamente e retiro minhas mãos de seu corpo. Encaro a água que preenche cada vez mais a banheira arredondada. — Estou de quase três meses. — eu olho para sua barriga. Não havia reparado a diferença, mas agora sabendo sobre a novidade, há sim algo distinto. — Você não gostou, né?
— Não é isso. — falo baixo, mas ela me ouve. — Eu gostei, claro que gostei, Selena. Eu só tenho medo de não estar presente quando você precisar de mim.
— Mas você voltou, não é mesmo? Você voltou para ficar comigo. — ela me abraça e beija meu rosto. — Eu estou feliz. — sua voz sai em sussurros, eu sorrio.
Isso sempre foi o mais importante. Eu amo minhas filhas, mas o que eu sinto pela Selena é tão anormal. Ela é realmente exatamente tudo o que importa para mim.
— Venha. — eu puxo seu corpo, ela se senta em minhas pernas. Apoio minhas mãos em sua cintura. — Eu te amo. E eu também amo esse bebê que está vindo.
— Eu estava com medo de você rejeitá-lo. — sua voz sai num fio fraco. Ela lambe seus lábios e eu vejo seus olhos criarem lágrimas.
— Nunca, meu amor. — eu sorrio de forma estranha.
Não entendo por que ela pode pensar algo assim. É meu filho, eu jamais o rejeitaria.
Suas mãos seguem de encontro a minha nuca, Selena arrasta seu nariz sobre o meu quando nossos rostos se aproximam.
— Agora é um garoto... Tem que ser um garoto. — eu falo alto, ela gargalha e apoia seu rosto em meu ombro. — Mas, então... Vamos foder de novo?
— Não fale assim. — Selena bate sua mão em meu braço, é até forte.
— Vamos fazer sexo?
— Não.
— Transar?
— Não, Justin.
— Meter?
— Você é tão indecente.
— Fazer amor? — ela balança a cabeça e sorri. — Não me faça falar isso de novo. É tão merda.
— Merda é você dizer que quer me foder. Me faz sentir como se eu fosse uma vadia.
— Minha vadia. — mordo sua bochecha, lentamente, ouvindo a gritar e rir ao mesmo tempo.
Arregalo meus olhos quando vejo a água da banheira usufruir do chão claro. Fecho a torneira rapidamente, sentindo que se nos movermos, mais água cairá sobre o chão.
E, infelizmente, o banheiro se alagou em poucos minutos.
(...)
— Quantas horas são? — eu pergunto sonolento, me jogando sobre a cama. Meu corpo relaxa quando sente o contato quente do lençol fino e cheiroso.
— Cinco e vinte da manhã.
— O quê? Isso tudo? — Selena se aconchega ao meu lado e apaga seu abajur, mas a claridade do dia expande-se, aos poucos, sobre o quarto. — Nós transamos por quantas horas?
— Desde as onze da noite de ontem. — fala normalmente, ela se deita em minha parte da cama. Sempre foi assim. Há um espaçamento enorme do lado direito. Nunca me importei, a verdade é que sempre fui acostumado com sua maneira medrosa de dormir. Nunca mudou nada entre nós dois.
— Eu vou dormir até mais tarde. — falo por falar, respirando de maneira ágil, me sentindo cansado.
— Justin, um pouco antes das oito da manhã, Hope estará de pé. E a primeira coisa que ela fará é vir até mim e perguntar se ela pode acordar. — rio baixinho, envolvendo meus braços em seu corpo.
E eu fecho os meus olhos por questão de segundos, mas no momento em que os abro, vejo Hope por cima do corpo de Selena. E tudo o que eu ouço, um pouco antes de adormecer outra vez, é sua voz fina questionar:
— Mamãe, Hope pote acortar?